Castelos dos Cátaros
desde 2965€
por pessoa
Viagem a França
Ao visitar o “País dos Cátaros” é importante conhecer o catarismo, frequentemente classificado como uma religião de caráter gnóstico e maniqueísta, especialmente inspirada no movimento dos bogomilos que surgiram no século X nos Balcãs e com influências litúrgicas vindas do cristianismo primitivo. Este movimento teve o seu auge durante os séculos XII e XIII na Europa Ocidental, onde chegaram a ser conhecidos também como Albigenses, em alusão à cidade de Albi, onde residiam algumas das maiores comunidades cátaras, com outras estabelecidas a norte da Itália, no reino de Aragão e no condado de Barcelona, embora o seu enclave principal se encontrasse na região do Languedoque, no sul da atual França. Desenvolveu-se, principalmente, nos burgos, atingindo as suas populações complexas nas quais coexistiam os senhores, cavaleiros, burgueses, artesãos e muitos camponeses. A liderança dos cátaros foi assumida por nobres poderosos, e também por alguns bispos, que se ressentiam da autoridade papal nas suas dioceses. Em 1204, o Papa suspendeu a autoridade de alguns desses bispos, nomeando legados papais para agir em seu nome. Em 1178 Henri de Marcy, legado do papa, qualificou as povoações de implantação cátara com a alcunha em latim de sedes Satanae, centros de Satanás. Toda esta intolerância, de ambos os lados, desaguou na famosa Cruzada Albigense, também conhecida como Cruzada Cátara ou Cruzada contra os Cátaros, um conflito armado ocorrido entre 1209 e 1244, por iniciativa do papa Inocêncio III com o apoio da dinastia capetiana (reis de França na época), com o fim de reduzir pela força o catarismo, movimento religioso classificado como heresia pela Igreja Católica e assente, desde o século XII, nos territórios feudais do Languedoque. A guerra, que se desenvolveu em várias fases, começou com o confronto entre os exércitos de cruzados súbditos do rei Filipe Augusto de França com as forças dos condes de Tolosa e vassalos, provocando a intervenção da Coroa de Aragão, que culminou na batalha de Muret. Numa segunda etapa, na qual inicialmente os tolosanos conseguiram alguns sucessos, a intervenção de Filipe Augusto decidiu a submissão do Condado, ratificada pelo Tratado de Paris. Numa prolongada fase final, as operações militares e as atividades da recém criada Inquisição focaram-se na supressão dos focos de resistência cátara que, desprovidos dos seus apoios políticos, terminaram por ser submetidos. A guerra teve episódios de grande violência, provocou a decadência do movimento religioso cátaro, o ocaso da até então florescente cultura languedociana e a formação de um novo espaço geopolítico na Europa ocidental, apesar da feroz resistência final de vários castelos quase inexpugnáveis no cimo das montanhas da região. As cinco dioceses cátaras, Narbona, Albi, Carcassonne, Cahors, Toulouse, e até mesmo Agen, ocupavam quase exatamente os territórios dos grandes senhores feudais do Languedoque.
(Fotos: Portais oficiais de Turismo Pays Cathare e Tourisme Pyrénées-Orientales)
Castelos dos Cátaros
desde 2965€
por pessoa1º dia - 02 Setembro (sábado) - LISBOA | TOULOUSE
Toulouse (ou Tolosa) é hoje a capital do departamento francês da Alta Garona e da região da Occitânia. Fica situada nas margens do rio Garona, a 150 quilómetros do mar Mediterrâneo, a 230 km do Atlântico e a 680 km de Paris. É a quarta maior cidade da França, com 479 553 habitantes, em 2017. Foi a capital do Reino Visigótico no século V e era a capital da província do Languedoc nos finais da Idade Média e no início do período moderno (as províncias foram abolidas durante a Revolução Francesa). É conhecida como a “Cidade Rosa” (Ville Rose) por causa da sua singular arquitetura feita de tijolos rosados de terracota e possui no Canal do Midi e na Basílica de St. Sernin dois locais/monumentos comtemplados com a designação de Património Mundial da UNESCO. Na Basílica de St. Sernin, iremos visitar o maior edifício religioso representativo da arquitetura românica construído na Europa, e que foi de extrema importância para uma das principais rotas de peregrinação medieval, a que ia em direção a Santiago de Compostela. Atualmente, esta cidade é o centro nevrálgico da indústria aeroespacial europeia. Ali perto também visitaremos o Convento dos Jacobinos, considerado a joia da arquitetura gótica do Languedoque. Foi construído pela Ordem dos Pregadores, em tijolo, e abriga na sua igreja, desde a segunda metade do século XIV, as relíquias de São Tomás de Aquino. Almoço em restaurante local durante as visitas.
Alojamento no Hotel Crowne Plaza Toulose 4**** ou similar.
2º dia - 03 Setembro (domingo) – TOULOUSE | CARCASSONNE
O segundo dia começa com uma vibrante visita à cidadela de Carcassonne. Ocupa uma posição dominante na margem direita do rio Aude, a Sudeste da moderna cidade, e forma um imponente conjunto arquitetónico medieval, inscrito na lista do património mundial da Unesco desde 1997.
A primitiva ocupação do sítio da cidadela de Carcassonne, no cruzamento do caminho entre Toulouse e Narbona remonta aos povos Celtas, Galo-romanos e Visigodos, com as fundações das suas casas e muralhas a retratarem com clareza essas sucessivas ondas de civilizações e culturas ao longo dos séculos.
Durante a Idade Média foi defendida por um imponente conjunto de fortificações, sendo circundada por uma dupla linha de muralhas, que ainda hoje pode ser vista. O traçado irregular das suas ruas estreitas contrasta com a magnificência das muralhas e do castelo guarnecido por 59 torres e barbacãs, poternas e portas. Foram construídas entre os séculos IX e X (890 a 910), devido aos ataques dos sarracenos. Foi restaurada por Eugène Viollet-le-Duc que lhe conferiu o atual aspeto.
Visita à Basílica de St. Nazaire. A Basílica dos Santos Nazarius e Celsus é uma basílica católica romana localizada na cidadela de Carcassonne é um monumento nacional, e está na tradição arquitetónica românico-gótica. Tudo indica que a igreja original tenha sido construída no século VI durante o reinado de Teodorico, o Grande, rei dos visigodos. Em 12 de junho de 1096, o Papa Urbano II visitou a cidade e abençoou os materiais de construção para a construção da catedral, que só ficou concluída na primeira metade do século XII. Foi edificada no local de uma catedral carolíngia, da qual não restam vestígios. Por volta do final do século XIII, durante o governo dos reis Filipe III, Filipe IV e os episcopados de Pierre de Rochefort e Pierre Rodier, a catedral foi reconstruída em estilo gótico. Permaneceu a catedral de Carcassonne até 1803, quando perdeu importância e o título para a atual Catedral (Cathédrale Saint-Michel de Carcassonne).
Passeio de barco no Canal du Midi. Das imponentes muralhas de Carcassonne seguiremos para um fresco e repousante passeio no célebre Canal du Midi. Construído no século XVII, durante o reinado de Luís XIV, pelo arquiteto Pierre Paul Riquet, está classificado como Património Mundial da UNESCO desde 1996. Os estudos para a sua construção começaram em 1661, foi concluído em 1681, e é canal mais antigo ainda em serviço na Europa. Há mais de 200 anos que assegura o transporte de mercadorias e passageiros, mas a concorrência do caminho de ferro levou à sua progressiva perda de importância. 1970, viu as últimas barcaças de transporte a navegar nas suas águas. Almoço em restaurante local durante as visitas.
Alojamento no Hotel Tribe Carcassonne 4**** ou similar.
3º dia - 04 Setembro (2ª feira) – CARCASSONNE | MAZAMET | CHÂTEAUX LASTOURS | CARCASSONNE
Visita ao museu do Catarismo de Mazamet. O terceiro dia começa num lugar tranquilo, com luz suave, onde se descobre o modelo de vida, as crenças e os ritos dos cátaros que durante muito tempo chocaram a sociedade occitana medieval. Segredos, mistérios, lendas, que nos levam a uma das dimensões mais profundas da Idade Média, a uma época de hereges que marcaram profundamente a Europa cristã. Um cristianismo dissidente, que despontou no século XII, e que foi considerado uma heresia. No museu encontraremos a memória dos cátaros, que se autodenominavam “apóstolos de Cristo” e que tentaram viver de acordo com os seus preceitos religiosos.
Das encostas do Tarn, e do seu vale profundo, a viagem leva-nos de Mazamet até às torres de Lastours.
Logo ao longe se avistam quatro fortalezas reais que se juntam numa longa e árida cordilheira que domina a vila de Lastours. Nas suas encostas emergem os vestígios do antigo povoado medieval. Neste local único na França, a história dos homens da Idade do Bronze cruza-se com a dos cátaros, aldeões, artesãos, fugitivos, todos eles procurando proteção nesta poderosa montanha. O cronista medieval francês Grégoire de Tours dá-nos notícias destas torres desde o século VI, e no século XI, refere Cabaret, Surdespine e Quertinheux. No século XII, esta região era um poderoso senhorio, com mercado, sinal de uma vida económica próspera, que se desenvolveu ao mesmo tempo que o catarismo. Simon de Montfort sitiou este local que era frequentado pelos bispos cátaros de Carcassès desde 1209. Senhores do lugar, como Pierre-Roger de Cabaret, resistiram por muito tempo, mesmo depois de terem perdido os seus castelos, entre 1229 e 1238. A destruição da aldeia primitiva por volta de 1240 foi revelada pela arqueologia, que continua a trazer à luz a extraordinária riqueza do sítio de Lastours. Cansados e sedentos a nossa visita encontrará refrigério e conforto degustando vinho, mel e azeite numa propriedade rural próxima.
Almoço em restaurante local durante as visitas.
Alojamento no Hotel Tribe Carcassonne 4**** ou similar.
4º dia - 05 Setembro (3ª feira) –CARCASSONNE | ALDEIA E ABADIA DE LAGRASSE | ABADIA DE FONTFROIDE | NARBONNE
De volta a Carcassonne a nossa visita dirige-se pela manhã em direção a um pequeno vale cercado por colinas íngremes nas margens do rio Orbieu, onde floresceu a maior abadia beneditina do Languedoc medieval. Em frente à sua silhueta ostensiva, na outra margem, fica uma das mais belas aldeias da França. Protegida pelos reis e senhores carolíngios desde a segunda metade do século VIII, ricamente dotada pelos condes catalães nos séculos XI e XII, a Abadia de Lagrasse tornou-se uma das mais poderosas abadias beneditinas do Languedoc e o seu abade era também o senhor de uma importante vila, instalada do outro lado do Orbieu do século XIII. A cruzada contra os albigenses e a chegada das ordens cisterciense e templária, que aqui receberam muitas doações de terras, enfraqueceram a abadia. A partir de 1279, Abbé Auger de Gogenx restaurou-a à sua antiga glória e remodelou-a completamente. Pelo final do século XVI, os monges, filhos da pequena nobreza local, já não respeitavam a regra original. Em 1662, recusaram a autoridade da Congregação Maurista, responsável pela reforma da abadia, mas os monges mauristas prevaleceram e administraram a abadia até à Revolução francesa. Desde aí, foi ocupada por proprietários civis e desde 2004, uma parte é “pública” e a outra privada, ocupada ainda por religiosos.
A viagem continuará pelos caminhos da vida monástica até à abadia de Fontfroide, uma das grandes casas monásticas cistercienses da França. Sozinha e magnífica no silêncio de Garrigue, oferece as suas belas pedras ocre e rosa aos raios do sol, e no seu interior, a arte e a música sempre encontraram uma eterna fonte de inspiração. O mosteiro de Fontfroide foi fundado em 1093 e filiou-se na ordem cisterciense em 1145, e rapidamente adquiriu forte influência até à Catalunha, onde alguns dos seus monges fundaram a abadia de Poblet, em 1151. Em 1203, o Papa Inocêncio III encarregou dois monges deste mosteiro francês de pregar contra a heresia cátara. Mas um desses legados pontifícios, Pierre de Castelnau, foi assassinado, e a Cruzada Albigense foi lançada em 1209. Em 1348, a Peste Negra afetou a comunidade monástica e a abadia foi declinando ao longo do século XV, perdendo o título de abadia em 1764. Foi despojada de todo o seu mobiliário nos inícios do século XIX, até o seu claustro, a casa capitular e a igreja serem classificados como Monumentos Históricos em 1843. Almoço em restaurante local durante as visitas.
Com o dia a terminar depois de uma intensa jornada por mosteiros medievais intimamente ligados à cruzada contra os Cátaros as forças serão retemperadas com um jantar no famoso restaurante “Les Grands Buffets”. O nome parece promissor.
Alojamento no Hotel Novotel Narbonne 4**** ou similar.
5º dia - 06 Setembro (4ª feira) –NARBONNE | FORTALEZA DE VILLEROUGE TERMENES | CHÂTEAU DE PEYREPERTEUSE | ALDEIA DE CUCUGNAN | CHATEAU DE QUÉRIBUS | PERPIGNAN
Um longo dia se apresenta no nosso programa. Começamos, bem cedo, pela aldeia fortificada de Villerouge Termenes, dirigindo-nos logo ao seu castelo, bem plantado no meio do povoado. Situado no pequeno vale das Hautes Corbières, foi o castelo dos arcebispos de Narbonne e ostenta altas muralhas com torres ameadas, e no seu interior, é como se a Idade Média voltasse à vida, na profusão das suas cores e distintos e intensos sabores. O castelo foi levantado no final do século XI por Guifred de Cerdagne, arcebispo de Narbonne. Várias vicissitudes políticas levam a que esta fortaleza, e a sua vila, sejam entregues ao senhor de Peyrepertuse, que mantém um intenso conflito pela sua posse com o senhor de Termes. Durante a Cruzada contra os Albigenses, Alain de Roucy, companheiro de Simon de Montfort, apoderou-se da fortaleza. Em 1321 o velho castelo assiste à execução do último perfeito-cátaro, Guilhem Bélibaste, que marca o fim do catarismo, e da resistência cátara, na Occitânia.
Na peugada dos cátaros alcançamos o castelo de Peyrepertuse. É a “cidadela da vertigem” por excelência. Incrustada numa falésia calcária, esta fortaleza estende-se ao longo de 300 metros, terminando a 800 metros de altura, acima da vila de Duilhac, dominando uma paisagem excecional. O sítio foi ocupado desde a Antiguidade, mas o castelo é mencionado pela primeira vez em 1020, no testamento de Bernard Taillefer, Conde de Besalù, senhor de um pequeno território catalão. Ocupou, desde 1162, um dos pontos estratégicos de defesa do reino de Aragão contra os senhores occitanos. Mas não desempenhou um grande papel durante a Cruzada contra os Albigenses. Em 1240, entra na posse do rei da França, tornando-se um bastião chave na guarda da fronteira contra os seus antigos senhores aragoneses. Luís IX e os seus sucessores afirmam todo o seu poder aqui. Os “mestres das obras do rei” produziram uma obra-prima de inovação e de adaptação ao relevo, fazendo de Peyrepertuse uma joia da arquitetura militar medieval que, no final do século XIII, desafiava orgulhosamente o reino de Aragão. A sua importância estratégica terminou com o Tratado dos Pirenéus, em 1659, mas até à Revolução Francesa alguns guardas ainda vigiavam nas suas altas muralhas.
Subir a Peyrepertuse é estafante, mas o almoço aguarda na acolhedora aldeia medieval de Cucugnan, onde as forças se restauram para partirmos ao assalto do castelo de Quéribus. Cá de baixo avistamos uma torre maciça que parece brotar das Corbières para ir desafiar as Fenolhedés, poderosas montanhas que a enfrentam. E do alto do seu afloramento rochoso, 728 metros acima do nível do mar, esta fortaleza domina a planície que se estende de Tautavel a Caudiès. É um dos castelos reais mais impressionantes do “País dos Cátaros”. Tal como em Peyrepertuse, Quéribus é mencionado pela primeira vez em 1020, no testamento de Bernard Taillefer, Conde de Besalù, cujo território condal se juntou à Casa de Barcelona em 1111. Mais tarde, em 1162, Alfonso, Conde de Barcelona tornou-se Rei de Aragão e a fortaleza passa a estar integrada na linha de defesa norte do reino de Aragão, formada pelos conjuntos montanhosos das Fenolhedés e Peyrepertusés. Durante a Cruzada contra os Albigenses, foi, como Puilaurens, um último refúgio para os designados hereges. O comandante do lugar, Chabert de Barbaira, comandará uma feroz resistência contra o rei e a Igreja até ao cerco de 1255. Chabert, feito prisioneiro por Olivier de Termes, entrega Quéribus ao rei da França em troca da sua liberdade. A engenharia militar francesa desafia a montanha para dar ao castelo toda a sua capacidade defensiva. Até ao Tratado dos Pirenéus, de 1659, as suas paredes foram transformadas para se adaptarem aos desenvolvimentos militares da época: as brechas alargadas para o uso das bestas, e depois para as novas armas de fogo.
Jantar e alojamento no Hotel Holiday Inn Perpignan 4**** ou similar.
6º dia - 07 Setembro (5ª feira) –PERPIGNAN | CHATEAU PUILAURENS | PERPIGNAN
Nasce o dia em Perpignan, formosa e antiga cidade, onde iremos conhecer o Palácio dos Reis de Maiorca e o Castillet. Localizado no coração de Perpignan, este palácio medieval foi durante quase um século o centro do reino de curta duração de Maiorca. Concluído depois de 1300, em estilo gótico, a sua construção faz lembrar o estatuto de Perpignan como um importante centro económico, político e cultural do Mediterrâneo medieval. A partir do século XVI, engenheiros franceses e espanhóis cercaram-no de muros altos e resistentes, transformando-o em cidadela.
Embora o assentamento na área remonte aos tempos romanos, a cidade medieval de Perpignan parece ter sido fundada por volta do início do século X, tornando-se, depois, a capital dos condes do Rossilhão. Historicamente, fazia parte da região romana conhecida como Septimania. Em 1172, o conde Girard II outorgou as suas terras aos condes de Barcelona. Perpignan adquiriu as instituições de uma comuna parcialmente autónoma em 1197 e os direitos feudais franceses sobre o Rossilhão foram abandonados por Luís IX no Tratado de Corbeil. Quando Jaime I, o Conquistador, rei de Aragão e conde de Barcelona, fundou o Reino de Maiorca, em 1276, Perpignan tornou-se a capital dos territórios continentais do novo estado. As décadas seguintes são consideradas a idade de ouro da história da cidade. Prosperou como um centro de fabricação de tecidos, trabalhos em couro, ourivesaria e outros ofícios de luxo. O rei Filipe III de França morreu nesta cidade em 1285, quando voltava da guerra contra a coroa aragonesa. Em 1344, Pedro IV de Aragão, anexou o Reino de Maiorca, e Perpignan, mais uma vez, tornou-se parte do Condado de Barcelona. Alguns anos depois, perdeu aproximadamente metade de sua população para a Peste Negra. Foi atacada e ocupada por Luís XI de França em 1463. Uma revolta violenta contra o domínio francês, em 1473, foi duramente reprimida depois de um longo cerco, mas em 1493, Carlos VIII de França, desejando conciliar-se com Castela para poder invadir a Itália, devolveu a cidade a Fernando II de Aragão. Novamente sitiada e capturada pelos franceses durante a Guerra dos Trinta Anos, em setembro de 1642, Perpignan foi formalmente cedida pela Espanha, dezassete anos depois, no Tratado dos Pirenéus.
Visitar Perpignan e a sua fascinante história política e militar não deixará de ser cansativo. Mas, tudo se recomporá em mais uma viagem de degustação pelos arredores, a uma propriedade vitícola, onde o recuperador vinho e outros produtos locais cumprirão o seu dever.
A tarde aguarda-nos, mais longe, para o vermos, sozinho, no cimo do “Mont Ardu”, 697 metros acima do nível do mar. Lá está um castelo que, permanentemente, vigia a aldeia de Lapradelle-Puilaurens e a floresta de Fanges, que circunda o povoado. Com as sua ameias quase intactas, a sua torre principal domina as encostas íngremes. Corria o século X, quando a abadia de Saint-Michel-de-Cuxa recebeu como presente o vale de Boulzane. Ali os monges construíram a igreja de Saint-Laurent, associada a uma estrutura fortificada. O mosteiro manteve o controle deste castro de “Puèg Laurenç”, Puilaurens em francês, até à época da Cruzada contra os Albigenses. Durante este período, o castelo acolheu senhores faidit (palavra occitana para “proscrito” ou “banido”) e hereges. A aldeia, então agarrada à encosta da montanha muito perto do castelo, também desempenhou o seu papel, e é, com a fortaleza de Quéribus, um último refúgio para a religião cátara. O rei São Luís tomou posse de Puilaurens em 1255, ao mesmo tempo que Quéribus.
Almoço em restaurante local durante as visitas.
Jantar e alojamento no Hotel Holiday Inn Perpignan 4**** ou similar.
7º dia - 08 Setembro (6ª feira) – PERPIGNAN | ILLE-SUR-TÊT | MUSEU DE QUERCORB | CHATEAU MONTSÉGUR | FOIX
Visita à formação geológica: “Os Orgãos de Ille-sur-Têt”. Localizado a cerca de trinta minutos de Perpignan, o sítio Orgues d'Ille-sur-Têt é uma verdadeira joia mineral, e classificada como sítio protegido. Aqui o visitante pouco precavido é transportado para um cenário natural “estranho”, diferente das paisagens que os nossos olhos viram nos dias anteriores, quase que somos levados para um ambiente desértico, lunar.
Visita ao Museu de Quercorb. Da “Lua” para a Terra, vamos ver como trabalhavam o carpinteiro, o ferreiro, a costureira. Como as pessoas viviam aqui no início do século XX. Como se aqueciam. Como eram os instrumentos musicais medievais, e que sons eles faziam. Para sabermos mais sobre tudo isto temos de entrar numa das casas mais antigas desta vila.
De Quercorb seguimos viagem através de uma fenomenal paisagem que se desenrola diante dos nossos olhos na escalada do mítico “pog” de Montségur. É de tirar o fôlego! Vindos do museu da pacata vila muito mais abaixo somos levados ao encontro de uma história terrível e fascinante. Tudo aqui começou com Raymond de Péreille, senhor de Montségur, ao instalar uma pequena unidade defensiva e algumas casas religiosas cátaras. Também, em 1232, aceitou que a Igreja dos hereges ali se refugie, e ali instale “a sua sede e a sua cabeça”. Senhores expulsos das suas terras, homens de armas e simples crentes povoam esta vila fortificada que lhes oferece proteção. O “pog” torna-se o símbolo da resistência religiosa, militar e política. Em 1242, é de lá que parte a hoste de guerra que massacrará os inquisidores em Avignonet, nos Lauragais. E isso foi uma terrível afronta para o rei de França. O monarca decide terminar com Montségur. O cerco é montado à frente do “pog”, e durou da primavera de 1243 a março de 1244. Um grupo de militares franceses conseguiu tomar a Roc de la Tour e instalar ali um trabuco que bombardeou o castelo onde os defensores estavam agora confinados. Com a sua guarnição completamente esgotada, diminuída e com muitos feridos, Pierre-Roger de Mirepoix, o comandante do lugar, negocia a rendição. Os cátaros têm que escolher: converterem-se ao catolicismo ou morrer. Anoitece, vamos viajar para Foix. Talvez, em silêncio.
Almoço em restaurante local durante as visitas.
Jantar e alojamento no Hotel les Minotiers 3*** ou similar.
8º dia - 09 Setembro (sábado) – FOIX | MONASTÈRE DE PROUILHE | FANJEAUX | TOULOUSE | LISBOA
Amanhece o nosso último dia no “País dos Cátaros”, mas a viagem ainda não terminou. Antes de chegarmos a Fanjeaux, no final do subúrbio onde se encontra a casa monástica de São Domingos, descobrimos uma imensa planície onde se destaca a Montanha Negra. Diz a lenda que São Domingos rezava neste local, numa tarde de julho de 1206, quando viu um globo de fogo sobre a aldeia abandonada de Prouilhe, devastada pelas guerras feudais, com uma capela dedicada a Notre-Dame (Nossa Senhora), um antigo local de peregrinação. Pareceu-lhe um “sinal de Deus” (daí o nome de Seigndou dado desde então a este promontório), e onde caiu o fogo, seria o local destinado a receber a sua obra. Por escritura datada de 1206, o bispo Foulques de Toulouse “dá e concede ao senhor Dominique, de Osma, a igreja de Santa Maria de Prouilhe e trinta e três passos do terreno que circunda a referida igreja”. Uma casa de taipa é construída e Domingos instala ali as suas primeiras irmãs, a maioria delas convertidas do catarismo. Para as mulheres que, em heresia, levaram uma vida quase religiosa, penitente e austera, Domingos oferece um modo de vida semelhante na tradição católica. Os meios estão próximos, mas o fim é bem diferente: testemunhar o poder da Palavra de Deus que converte os corações. Em 27 de dezembro, dá-lhes o hábito religioso e os submete ao claustro. Assim nasceu a Santa Pregação de Prouilhe, não só base da missão dos pregadores, mas também lugar de oração ardente para que a sua palavra fosse acolhida.
Se escutarmos podemos ouvir o secular sino a tocar na sua torre, na aldeia medieval de Fanjeaux, e que irradia por toda a planície Lauragaise. A rica história desta terra revela-se ao longo das ruas onde os jardins parecem encantar as pedras. Foi aqui, no coração do país cátaro, que Simon de Montfort e São Domingos escolheram estabelecer os seus quartéis-generais para o combate contra a heresia dos albigenses. Daqui partimos mais conhecedores sobre este movimento religioso europeu nos confins da Idade Média, baseado na ideia da existência de dois deuses ou princípios, sendo um bom e outro mau, fundamental para as crenças dos cátaros. O Deus bom era o Deus do Novo Testamento e criador do reino espiritual, em oposição ao Deus mau, que muitos cátaros identificavam como Satanás, o criador do mundo físico do Antigo Testamento. Toda a matéria visível teria sido criada por Satanás, e, portanto, teria sido contaminada com o pecado. Isto incluía o corpo humano. Esse conceito é oposto ao da Igreja Católica monoteísta, cujo princípio fundamental é que há somente um Deus que criou todas as coisas visíveis e invisíveis. Os cátaros também pensavam que as almas humanas eram almas de anjo sem sexo, aprisionadas dentro da criação física de Satanás e amaldiçoadas com a constante reincarnação até os fiéis cátaros alcançarem a salvação por meio de um ritual chamado Consolamentum. Almoço em restaurante local durante as visitas.
E assim nos despedimos do “País dos Cátaros”, seguindo para a cidade de Toulouse, onde o aeroporto nos aguarda.
Após a chegada ao aeroporto, formalidades de embarque em voo TAP direto para Lisboa. Hora prevista de saída 18h45. Chegada a Lisboa pelas 19h40.
Fim da viagem
José Varandas
Historiador
José Manuel Henriques Varandas é natural de Lisboa e Professor Auxiliar da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa onde se doutorou em 2005 com a dissertação: «Bonus Rex» ou «Rex Inutilis». As Periferias e o Centro. Redes de Poder no Reinado de D. Sancho II (1223-1248).
Tem leccionado, desde 1990, na mesma Faculdade as disciplinas de História e Cultura Clássica II, História Medieval de Portugal, História da Cultura Medieval, História Rural Medieval, História Militar da Antiguidade, História da Tecnologia Militar da Antiguidade, História Militar Medieval, História da Marinha, História das Ideias Políticas: Idade Média e Arte Medieval (Geral).
É director do Mestrado Interuniversitário de História Militar, desde 2013.
É subdirector do Centro de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde também coordena o Grupo de Investigação de História Militar.
É investigador do Instituto de Estudos Regionais e do Municipalismo «Alexandre Herculano» e do instituto de Estudos Árabes e Islâmicos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Integra, como docente, o Mestrado de História Marítima realizado pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e a Escola Naval.
Integra, como docente, o Doutoramento em História Marítima realizado pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e a Escola Naval.
É académico correspondente da Academia Portuguesa da História e Membro Efectivo da Classe de História Marítima da Academia de Marinha, bem como sócio da Sociedade Portuguesa de Estudos Medievais e da Associação Ibérica de História Militar.
É responsável pelos seminários de Mestrado: História do Municipalismo; Sociedades Guerreiras da Reconquista, Armas e Sociedades: do Mundo Antigo para a Idade Média; Armas e Sociedades: Mundo Clássico, História Marítima (sécs. IV a.C.-XV d.C.), História da Tecnologia Militar, História Militar: teoria, métodos e fontes e Estudos de Arte Medieval.
Tem como áreas de interesse científico/investigação: História Medieval, História Militar, História Rural, História da Marinha, História do Municipalismo, História das Instituições.
Do conjunto de publicações destacam-se a edição dos sete primeiros volumes das Memórias Paroquiais de 1758, Lisboa, Editora Caleidoscópio/Centro de História da Universidade de Lisboa, 2016; D. Sancho II, o Capelo. 1223-1248, Lisboa, Quidnovi / Academia Portuguesa da História, 2009. A edição de A Guerra na Antiguidade (3 volumes), Lisboa, Editora Caleidoscópio/Centro de História da Universidade de Lisboa, 2007 a 2009. Foi coordenador, com Hermenegildo Fernandes, do volume duplo 16/17 da CLIO – Revista do Centro de História da Universidade de Lisboa, Nova Série, nº 16/17, Lisboa, 2008. Foi autor do capítulo: «D. Mecia Lopes de Haro», no II volume da Colecção Rainhas de Portugal, editado pelo Círculo de Leitores em 2012, colecção coordenada por Ana Maria Rodrigues, Manuela Santos Silva e Isabel dos Guimarães Sá. É, também, autor do capítulo: «D. Sancho II, o Capelo. 1223-1248», no Iº volume da História dos Reis de Portugal. Da fundação à perda da independência, coord. de Manuela Mendonça, Lisboa, Academia Portuguesa da História / Quidnovi, 2010, pp. 151-195. Autor do artigo: «Um Papa. Um Rei. Uma Sombra. A deposição de D. Sancho II: a imagem régia entre fragmentos de memória», publicado em CLIO – Revista do Centro de História da Universidade de Lisboa, Nova Série, 16/17, Lisboa, 2007, pp. 155-179, entre outros.
Castelos dos Cátaros
desde 2965€
por pessoa
-
Preços por pessoaMínimo de 15 participantes
-
Em quanto duplo2.965€
-
Suplemento quarto individual350€
O preço inclui
- Passagem aérea em classe turística em voo regular da TAP Air Portugal, para percurso Lisboa / Toulouse / Lisboa, com direito ao transporte de 23 kgs de bagagem;
- Acompanhamento do Professor José Varandas (FLUL);
- Acompanhamento por responsável Novas Fronteiras durante todo o circuito;
- Hotéis conforme itinerário;
- Estadia de 7 noites em regime de alojamento e pequeno-almoço;
- 8 almoços e 4 jantares sem bebidas de acordo com o programa;
- Visitas de acordo com o itinerário;
- Autocarro de turismo;
- Guia local de língua portuguesa; Taxas hoteleiras, serviços e IVA;
- Taxas de aeroporto, segurança e combustível no valor aprox.de €152,00 à data de 14/09/2022 (a reconfirmar e atualizar na altura da emissão dos bilhetes);
- Seguro Multiviagens;
O preço não inclui
- Extras de caracter particular;
- Gratificações a guias e motoristas;
- Bebidas às refeições;
- Tudo o que não esteja como incluído de forma expressa.
NOTA IMPORTANTE:
A presente cotação está sujeita a reconfirmação mediante as disponibilidades de voo e hotéis à data da vossa reserva. Os valores acima apresentados poderão sofrer eventuais alterações em caso de significativas oscilações cambiais e/ou de custos de combustível e/ou eventuais novas taxas, tendo em conta a atual conjuntura internacional